segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

O veneno está na mesa

O documentário "O veneno está na mesa", de Silvio Tendler, aborda um assunto que deveria ser de conhecimento de toda a população mundial: como os agrotóxicos e transgênicos estão presentes na mesa do consumidor. Um dos seus objetivos é tratar como a chamada Revolução Verde eliminou quase totalmente os traços da agricultura tradicional e, em seu lugar, implantou um modelo de agricultura que ameaça a fertilidade do solo, os mananciais de água e a biodiversidade, contaminando pessoas e o ar. 


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De maneira simples, o documentário explica como esse sistema de produção foi implantado, por meio da chamada Revolução Verde, com promessas de acabar com a fome no mundo, a partir de um aumento da produtividade agrícola. No entanto, o ponto chave para esse problema que pertence mais ao âmbito social do que ao de produção, é a má distribuição de renda, e não se resolve com uma maior produtividade.
A estratégia em questão beneficiou apenas as grandes empresas produtoras de tais agrotóxicos, que tornam os produtores que utilizam tais substâncias cada vez mais dependentes destes insumos.
Mas o maior problema do uso dos agrotóxicos e dos produtos transgênicos, é que estes não apresentam somente riscos socioeconômicos, mas sim que esses produtos nos castigam em termos de saúde pública. Não existem estudos suficientes para provar o risco, todavia, também não existem provas científicas de que estes não apresentem riscos. A grande dificuldade em realizar estudos a respeito, é que não podemos prever os danos a curto prazo com a saúde humana, mas os estudos já realizados em ratos mostram que esses produtos podem estar intimamente relacionados com agentes cancerígenos. 
Nesse caso, o mais correto a se fazer, eticamente falando, é aplicar o principio da precaução. Teoricamente, não poderíamos comercializar algo cujos riscos não estão bem estabelecidos, no entanto, como ocorre em diversos setores, os interesses econômicos acabam se sobrepondo aos direitos coletivos por bem-estar social, um meio ambiente ecologicamente equilibrado e segurança alimentar.  
Outra consequência importante do uso desses agro-químicos é o desequilíbrio ecológico, pois, quando temos uma espécie (por mais que essa seja considerada uma praga para agricultura) praticamente eliminada de um meio, temos em consequência um desequilíbrio na cadeia alimentar, o que influencia todo o ecossistema, sem contar no fato de que as monoculturas de transgênicos acabam por contaminar as plantações de sementes crioulas das plantações ao redor. Outro problema amplamente abordado dentro do tema é o risco que o uso dos agrotóxicos representa para o trabalhador, que muitas vezes não tem conhecimento das normas e equipamentos de segurança necessários para o manejo desses produtos químicos.
O documentário é ótimo para ser trabalhado no ambiente escolar, pois mostra, de maneira clara, que o tema em questão tem grande influencia na vida do consumidor, principalmente do consumidor brasileiro, que ingere anualmente 5,2 litros de agrotóxicos por ano. No Brasil, há incentivo fiscal para quem utiliza agrotóxicos, gerando um conflito entre a saúde da população e a economia do país baseada no latifúndio dependente de insumos, tais como os agrotóxicos, com privilégio da segunda.  







Referencias Bibliográficas:  

ABRAMOVAY, R.A.A. Atualidade do método de Josué de Castro e a situação alimentar mundial. In: CYRILLO, D.C. et al. Delineamento da pesquisa na nutrição humana aplicada. São Paulo, IPE/USP, 1996. p. 57-76.  
MATOS, Alan Kardec Veloso de. REVOLUÇÃO VERDE, BIOTECNOLOGIA E TECNOLOGIAS ALTERNATIVAS. Cadernos da FucampMonte Carmelo, v. 10, n. 12, p.1-17, jul. 2011. 
ANDRADES, Thiago Oliveira de; GANIMI, Rosângela Nasser. REVOLUÇÃO VERDE E A APROPRIAÇÃO CAPITALISTA. Ces Revista, Juiz de Fora, v. 21, p.43-56, 2007. 

Mudanças do Clima, Mudanças de Vidas – Greenpeace Brasil


      O documentário “Mudanças do Clima, Mudanças de Vidas” com duração de “56 minutos” é uma produção do “Greenpeace Brasil”, realizada em 2006, mostra histórias de brasileiros da Amazônia, do Nordeste, e do Sul do país. O tema central do documentário é o aquecimento global, as mudanças climáticas decorrentes desse aquecimento, e qual a parcela de culpa e as consequências que o ser humano deve assumir. 


        Os principais eixos sobre os quais o documentário se sustenta, são, os casos de secas severas e outras catástrofes que acontecem como consequência do aquecimento global, a grande contribuição de nosso pais como um emissor de gases estufa, apresentado no documentário como o quarto maior, e as mudanças em âmbito produtivo e de consumo que devem ser realizadas para tentarmos reverter a situação crítica do planeta, para evitar que o cenário ambiental piore e se torne irreversível e ainda mais catastrófico.
        O documentário é um grande aliado do professor que visa atingir os seus alunos, despertando neles um pensamento crítico e ecológico, apesar de relatar as experiências negativas de outras pessoas e comunidades, ele possibilita uma reflexão sobre a influência direta que isso tem sobre nós.
        Ao mostrar o sul do país, o documentário mostra como certas famílias perderam lavouras devido à seca e mudanças bruscas de temperatura, os estragos feitos por um tornado na cidade de Muitos Capões (RS) no mesmo dia em que o furacão Katrina passou por Nova Orleans. O documentário também mostra os estragos do furacão Catarina, em 2004, que foi o primeiro registrado no Atlântico Sul. Também é abordado no documentário os desmatamentos e queimadas que ocorrem na Amazônia, e as influencias diretas e indiretas disso para a humanidade.
        Além do documentário atingir o emocional do aluno, mostrando pessoas em situações extremas que são causadas pelos desastres das mudanças de clima, ainda carrega outros temas importantes para a formação acadêmica do aluno que podem ser trabalhados em conjunto com a temática ambiental. Ele aborda (mesmo que de maneira superficial) o que foi o protocolo de Kyoto, o conceito de créditos de carbono, dando espaço ao professor de trabalhar também esses tópicos.





quinta-feira, 16 de outubro de 2014

WALL-E


        Wall-E é um filme lançado em junho de 2018, com direção de Andrew Stanton, conta a história de um planeta Terra futurista devastado pela ação inconsequente da humanidade. Para sobreviver, os humanos abandonaram a Terra e decidiram viver em um cruzeiro espacial. Apenas os robôs permaneceram, entre eles Wall-E, que tem a função de vasculhar o planeta e compactar o lixo que se espalha por todos os locais (na verdade, a Terra é apresentada como sendo um gigantesco depósito de resíduos!), em uma tentativa de salvá-lo. O filme mostra a paixão de Wall-E pelo robô EVA, e nos apresenta um mundo no qual a humanidade está absolutamente dependente das máquinas.
Wall-E propõe que deixemos de simplesmente demonstrar preocupação e passemos a realizar ações que encaminhem de fato o planeta a uma realidade sustentável e não agressiva ao meio.
 O Filme
Wall-E possibilita também uma crítica sobre a virtualização das relações sociais que, em extremos, podem conduzir a uma passividade das pessoas quanto ao mundo que nos rodeia e com o qual somos responsáveis. Ao nos colocar frente a robôs que são mais proativos que os humanos e nos mostrar como estes podem facilmente ser dominados por máquinas que realizam todo o trabalho essencial para a manutenção de nossas necessidades diárias, nos faz indagar sobre as escolhas de nossa civilização e o poder que temos para moldar nosso futuro.

Ilha das Flores

      
 
           A Ilha das Flores, que intitula o curta-metragem de Jorge Furtado, é um local na cidade de Porto Alegre aproveitado como depósito para o lixo. O curta mostra, de forma sarcástica e impactante, a trajetória de um tomate, que se inicia em sua produção, comercialização até chegar a uma dona de casa que o adquire e descarta, por considera-lo impróprio para o consumo de sua família. Ao ser rejeitado pela dona de casa, o tomate vai para a Ilha das Flores junto com outros dejetos, onde um produtor de suínos escolhe quais alimentos ali descartados são próprios para o consumo dos porcos. A partir disso, moradores dos arredores que vivem em condições subumanas, disputam com os porcos esses alimentos, em uma clara alusão ao desperdício de alimentos que, caso houvesse justiça social, seria destinado à alimentação de quem necessita. Os humanos que, por razões estruturais de desemprego em uma sociedade desigual, são colocados na mesma condição de porcos que vasculham o lixo para se alimentar. Enquanto isto, há a indiferença do restante da sociedade para este problema, que não se importa em desperdiçar o alimento que deveria ir para a mesa de outros. Para tornar a história mais sarcástica e, deste modo, tecer a crítica a esses costumes que não deveriam ser naturais, o narrador menciona repetidamente que estas pessoas alienadas possuem um telencéfalo altamente desenvolvido e polegar opositor, como se dissesse “É assim que se comporta um animal supostamente superior? ”.
O filme, apesar ter sido gravado em 1989, retrata a sociedade atual, tendo como enfoque seus problemas de ordem social, econômica e cultural, na medida em que contrasta a força do apelo consumista, os desvios culturais retratados no desperdício, e o preço da liberdade do homem, enquanto um ser individual e responsável pela própria sobrevivência. Através da demonstração do consumo e desperdício diários de materiais (lixo), o autor aborda toda a questão da evolução social de pessoas, em todos os sentidos. Tornam-se ainda evidentes todos os excessos decorrentes do poder exercido pelo dinheiro em uma sociedade onde a relação entre opressores e oprimidos é alimentada pela falsa ideia de liberdade de uns, em contraposição à sobrevivência monitorada de outros.
A aplicação deste curta em sala de aula é muito vasta e multidisciplinar, podemos apresentar aos alunos que Ilha das Flores é um documentário que ainda mantém sua atualidade e que tem como ponto forte a crítica ao desperdício de alimentos, nos convidando a assumir a responsabilidade frente a este problema. Apresenta também a relação de poder existente em nossa sociedade, que converte os mais miseráveis a condições subumanas de vida.
Outras causas sociais levantadas pelo curta que podem ser discutidas com os alunos são o modelo de produção capitalista e a maneira que este nos é imposto, representados no curta por suas personagens e pelo dinheiro das mesmas, deixando claro um importante produto do capitalismo e da liberdade do ser humano, a desigualdade social. O curta mostra que, apesar de todos nós termos o telencéfalo altamente desenvolvido, polegares opositores e sermos livres, nem todos temos dinheiro, e não nos tornamos menos vitimas de uma sociedade altamente embasada no consumo e que tem o lucro e o prazer socialmente criado como objetivos finais.




 O Documentário


Lixo Extraordinário

 O Documentário
O documentário Lixo Extraordinário conta a história de vida de Vik Muniz que, originário de uma família de classe média baixa em São Paulo, começou a vida trabalhando recolhendo lixo em lanchonetes e, após um ser baleado por acidente na perna, acabou indo para os Estados Unidos, onde começou a se interessar pelo mundo das artes. Vik trabalha com materiais como chocolate, areia, açúcar, cordões e outros e, seguindo seu estilo artístico, decidiu que trabalharia com um grupo pudesse obter algum retorno com suas obras artísticas. Deste modo, o artista optou por trabalhar com catadores de material reciclável do lixão presente em Jardim Gramacho, no Rio de Janeiro. Ao decorrer do projeto, que teve duração de dois anos, se observam transformações na visão de mundo dos catadores envolvidos com o projeto, sendo que, ao seu final, quando Vik leiloa as obras, os catadores tem uma significativa mudança de vida com o retorno financeiro, que é aplicado para compra de caminhão, equipamentos e inauguração de um centro de ensino no Jardim Gramacho, alcançando condições de vida mais dignas.
Levantando a questão da aplicação deste documentário para o ensino, é importante ressaltar a visibilidade que ele traz para as questões socioeconômicas dos catadores informais, que são atraídos para o trabalho em lixões ao céu aberto, e acabam por viver nesses locais, em condições criticas de pobreza e saneamento. A insalubridade a qual os catadores estão submetidos acarretam-lhes problemas de saúde e, em alternativa a este problema, pode-se discutir a importância de estes importantes agentes ambientais atuarem em cooperativas de reciclagem em locais adequados, com o uso de equipamentos de proteção e com condições adequadas de trabalho.
  O filme também levanta a problemática ambiental da disposição de resíduos sólidos urbanos, nos trazendo a reflexão da importância do catador e da reciclagem ao diminuir os resíduos sólidos que são descartados, e da importância econômica que estes tem no nosso país. Nesta esfera, pode ser apresentada ao aluno a discussão sobre o consumismo e desperdício de materiais diversos que poderiam ser reutilizados e reciclados ao invés de serem tratados como rejeitos, de modo a implementar a política dos três R’s (Reduzir, Reaproveitar e Reciclar), a qual permite a maior durabilidade dos aterros sanitários.  Abre-se também um espaço para discussões sobre valores, desperdício, o "ser e o ter" nas sociedades contemporâneas e as questões sociais inerentes à realidade vivenciada pelos catadores de recicláveis no meio daquilo que, genericamente, se denomina "lixo".

Pode-se discutir a melhor alternativa existente para a disposição final dos resíduos sólidos urbanos, ou seja, os aterros sanitários ao invés dos lixões a céu aberto. Neste momento, se apresenta os impactos ambientais para o solo e águas superficiais e subterrâneas que se sucedem com os lixões e como podem ser minimizados por meio de aterros sanitários. O questionamento a respeito do tipo de destinação final realizado pela prefeitura do município onde os estudantes se situam e uma discussão a este respeito pode ser realizada neste momento.







Breve apresentação.


      Projeto de Extensão Universitária "Cinema e Meio Ambiente", financiado pela PROEX e desenvolvido pelos alunos da Unesp do Campus Ilha Solteira em escolas do município, sob orientação da Profa. Denise Gallo Pizella. 
      Nesta página serão apresentados os filmes e documentários relacionados à temática sociambiental que utilizamos em sala-de-aula, com resenhas criadas pelos estudantes que participam do Projeto. Nossa intenção é realizar uma reflexão acerca dos problemas socioambientais em termos de suas causas, consequências e possibilidades de mudanças de rumo, em busca a um novo paradigma de desenvolvimento.