O documentário
"O veneno está na mesa", de Silvio Tendler, aborda um assunto que
deveria ser de conhecimento de toda a população mundial: como os agrotóxicos e
transgênicos estão presentes na mesa do consumidor. Um dos seus objetivos é
tratar como a chamada Revolução Verde eliminou quase totalmente os traços da
agricultura tradicional e, em seu lugar, implantou um modelo de agricultura que
ameaça a fertilidade do solo, os mananciais de água e a biodiversidade,
contaminando pessoas e o ar.
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De maneira simples, o
documentário explica como esse sistema de produção foi implantado, por meio da
chamada Revolução Verde, com promessas de acabar com a fome no mundo, a partir
de um aumento da produtividade agrícola. No entanto, o ponto chave para esse
problema que pertence mais ao âmbito social do que ao de produção, é a má
distribuição de renda, e não se resolve com uma maior produtividade.
A estratégia em
questão beneficiou apenas as grandes empresas produtoras de tais agrotóxicos, que
tornam os produtores que utilizam tais substâncias cada vez mais dependentes
destes insumos.
Mas o maior problema
do uso dos agrotóxicos e dos produtos transgênicos, é que estes não apresentam
somente riscos socioeconômicos, mas sim que esses produtos nos castigam em
termos de saúde pública. Não existem estudos suficientes para provar o risco,
todavia, também não existem provas científicas de que estes não apresentem
riscos. A grande dificuldade em realizar estudos a respeito, é que não podemos prever
os danos a curto prazo com a saúde humana, mas os estudos já realizados em
ratos mostram que esses produtos podem estar intimamente relacionados com
agentes cancerígenos.
Nesse caso, o mais
correto a se fazer, eticamente falando, é aplicar o principio da precaução. Teoricamente, não poderíamos comercializar
algo cujos riscos não estão bem estabelecidos, no entanto, como ocorre em
diversos setores, os interesses econômicos acabam se sobrepondo aos direitos
coletivos por bem-estar social, um meio ambiente ecologicamente equilibrado e
segurança alimentar.
Outra consequência
importante do uso desses agro-químicos é o desequilíbrio ecológico, pois, quando
temos uma espécie (por mais que essa seja considerada uma praga para
agricultura) praticamente eliminada de um meio, temos em consequência um
desequilíbrio na cadeia alimentar, o que influencia todo o ecossistema,
sem contar no fato de que as monoculturas de transgênicos acabam por contaminar
as plantações de sementes crioulas das plantações ao redor. Outro problema
amplamente abordado dentro do tema é o risco que o uso dos agrotóxicos
representa para o trabalhador, que muitas vezes não tem conhecimento das normas
e equipamentos de segurança necessários para o manejo desses produtos químicos.
O documentário é
ótimo para ser trabalhado no ambiente escolar, pois mostra, de maneira clara,
que o tema em questão tem grande influencia na vida do consumidor,
principalmente do consumidor brasileiro, que ingere anualmente 5,2 litros de
agrotóxicos por ano. No Brasil, há incentivo fiscal para quem utiliza
agrotóxicos, gerando um conflito entre a saúde da população e a economia do
país baseada
no latifúndio dependente de insumos, tais como os agrotóxicos, com privilégio da segunda.
Referencias Bibliográficas:
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