sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Fulaninho, o Cão Que Ninguém Queria

"Um país, uma civilização, pode ser julgada pela forma com que trata seus animais." 
 (M. Gandhi) 


O curta-metragem realizado pelo Instituto Nina Rosa vem nos trazer uma reflexão importante e nos chamar para a ação a respeito do modo como são tratados os animais domesticados, no caso em questão, o cão. 
O vídeo conta a história do cachorro Fulaninho que, assim como seus irmãos, foi abandonado pelo seu dono ainda filhote, assim que sua progenitora havia dado a luz. Ele é jogado às ruas, onde é encontrado por uma mulher que o adota, sendo iludido por algum tempo, até crescer. 
Digo iludido, caro leitor, pois Fulaninho é abandonado novamente. Isto mesmo, torna outra vez às ruas, triste, solitário e desamparado, sem meios de abrigar-seEm todo o momento, o que é bastante interessante, a narração é feita do ponto de vista do cachorro, justamente para cativar aqueles que assistem ao vídeo, ao mostrar a inocência de um animal que, em diversos momentos, não acredita que está sendo abandonado por aqueles a quem julgava que o amava, pensando se tratar de uma brincadeira para encontrar o caminho de casa. Nas situações de abandono, mostra não compreender o que havia feito para que este triste fato se repetia. 
Cansado e não conseguindo achar seu lar, Fulaninho decide ir à procura de um novo lar. Daí começa uma busca incessante por uma vida feliz em uma nova família. Até que ele avista uma garotinha que o fita. Fulaninho também a observa, com esperança e ao mesmo tempo com receio de que ela possa fazer-lhe mal, tamanha a fragilidade em que se encontra. É neste momento que Fulaninho é capturado e levado pela “carrocinha”. 
No canil, ele vive um pesadelo. Há vários outros cães e gatos que vivem presos em jaulassem que compreenda o porquê desta situação e até mesmo o que o local significa. No canil, o cuidador sempre conversa com ele, desejando-lhe sorte nos poucos dias que tem para ficar no local. Na verdade, sem saber que sairá de lá somente adotado, Fulaninho não entende as mensagens do cuidador e um dia é levado, não para a adoção, mas sim para uma morte prematura. 
O vídeo demonstra então um final alternativo, com Fulaninho sendo adotado por uma família amorosa, ao invés de receber a injeção letal que não merecia. 
Para finalizar, o vídeo apresenta diversas dicas de como tratar adequadamente de um animal doméstico que possui senciência, ou seja, capacidade de sentir dor e outros sentimentos, tais como os seres-humanos. Fala-se que, ao adotar um animal doméstico, deve-se estar ciente de que o mesmo crescerá e viverá por um longo tempo, necessitando de diversos cuidados ao longo de sua vida. 

Dica de cuidados:  
Tanto o cachorro como os gatos precisam de espaço, pois mantê-lo preso não é nada legal. 
É necessário educá-lo, mas sempre de forma carinhosa, sem jamais maltratá-lo física ou verbalmente. Eduque-o, mostre que ele pode ou não fazer e onde podem fazer, sempre fazendo carinho quando o cão ou gato estiver se comportando adequadamente, de modo a reforçar este comportamento. No entanto, qualquer ação a ser realizada com estes animais deve prezar pelo máximo de respeito, posto que eles não são inferiores a nós, humanos, somente pelo fato de termos um atributo (o lóbulo frontal do encéfalo) mais desenvolvido do que eles. Afinal, cada ser vivo tem suas características próprias. Respeitar, neste sentido, é educar para a liberdade, para cada ser vivo poder ser da forma como é, tendo, para tanto, alimento, espaço, conforto, cuidados com a saúde e carinho por parte dos familiares que com ele vivem. 
Saber que ele viverá em torno de 15 anos é essencial, pois nesse período ele precisa muito de seu companheiro humano, ou seja, para a vida toda. Por isso, nesse tempo, é muito importante cuidar da saúde do animallevando-o ao médico veterinário com frequência para aplicar as vacinas e fazer exames. 
Com relação aos cães, é importante respeitar seu momento de alimentação, para que não fique irritado e prejudique alguémComo dito, cada um tem seu jeito de ser e, para que vivamos em harmonia, é preciso que isto seja conhecido e respeitado. Infelizmente, a liberdade para os animais domésticos (sobretudo o cão e o gato) deve ter limites pois, nas ruas, eles podem se machucar seriamente, se perder do lar ou mesmo ser envenenados (o que ocorre muito com os gatos). Além disto, é importante castrá-los para evitar filhotes que não serão cuidados pelo companheiro humano ou não poderão ser doados a alguém. A maior parte dos filhotes acaba sendo abandonada, tendo um final triste nas ruas, nos abrigos superlotados ou mesmo nos Centros de Zoonoses das cidades. Por isto, castrar é um ato de amor aos nossos grandes amigos.  


Maus-tratos é crime.
A Lei 9605/98, denominada "Lei de Crimes Ambientais" trás a ilegalidade dos maus-tratos aos animais domésticos, dentre outros, no artigo 32:  
"[…] Praticar ato de abuso, maus tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticado, nativos ou exóticos 
Pena- detenção de três meses a um ano, e multa. 
§1° incorre nas mesmas penas quem realiza experiencia dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos e científicos, quando existirem recursos alternativos. 
§2° A pena é aumentada de um sexto a um terço se ocorrer morte do animal." (BRASIL, 1998.) 


Não compre, adote.
Diariamente, vários animais domésticos são abandonados nas ruas ou levados a abrigos onde já existem dezenas de animais a serem adotados. infelizmente, essa é a realidade de vários animais. Mas podemos mudar isto com a adoção. Um ato como a adoção trás benefícios a todos: as pessoas acabam tendo um companheiro para toda a vida e os cachorros e gatos, um lar saudável para viver em tranquilidade. Cada vez que um animal é adquirido, outro que poderia ser adotado permanece nas ruas ou nos abrigos superlotados, o que nos trás questões éticas bastante pertinentes, tais como "Qual o valor de um companheiro?", "Nos julgamos tão superiores a ponto de melhorarmos geneticamente um ser vivo apenas para obtermos alguma característica que valorizamos?", "Não basta discriminarmos pessoas por sua cor, sexo e status social? Fazemos o mesmo também ao optarmos por um animal de "raça"?. Tais questões são muito importantes para serem refletidas a fundo. 
Falando de ONGs, aqui na cidade de Ilha Solteira temos duas que auxiliam os animais abandonados e aqueles que não os discriminam por sua "raça". 
Há a APAISA (Associação Protetora dos Animais de Ilha Solteira) e o "Recanto Feliz". Ambas trabalham com o intuito de proteger os animais, bem como achar uma família que os adotem, sem fins lucrativos. Tais ONGs não contam com qualquer ajuda governamental, apesar de fazerem o papel que incumbe ao Poder Público de proteção e defesa dos animais. Por isto, sua ajuda, caro leitor, é indispensável. Se você mora na cidade de Ilha Solteira e quer adotar um cachorrinho ou um gatinho, entre em contato com um desses órgãos oucaso não possa, ajude-os com a doação de alimentos, produtos de limpeza, remédios, dentre outros bens de necessidade. Ainda se você não tiver possibilidade de adotar e nem de realizar doações, as ONGs aceitam voluntários para organizarem feiras de doações, para manter o local asseado, cuidar dos animais e lhes dar carinho. Basta ter vontade.


O Instituto Nina Rosa 
Voltado para consciência ambiental e direito dos animais, o Instituto Nina Rosa aborda diversos temas, dentre eles a Educação Humanitária, por meio de vídeos e materiais educativos. "Fulaninho, o cão que ninguém queria", "A carne é fraca", "Não Matarás", dentre outros, são alguns dos vídeos que abordam a questão do bem-estar animal de modo bastante sensível. A Educação Humanitária preza pela formação crítica de crianças, jovens e adultos, para que sejam livres pensadores criativos que inspirem respeito dedicado para todas as formas de vida (Instituto Nina Rosa, 2015). 
O site do Instituto é uma ótima ferramenta para se trabalhar este tema transversal nas escolas, onde se encontram livros e vídeos para a discussão em sala de aula. Também oferece um leque para quem quer ministrar Educação Humanitária, experiências de educadores de todo o mundo que optaram por este modelo de educação, sendo um grande incentivo para a discussão e, quem sabe, a adoção deste tema como ferramenta de trabalho. 
Finalizando, o curta-metragem em questão abre uma série de possibilidades para o tratamento, em sala de aula e nos espaços informais de educação, desta questão sempre urgente e pertinente, que é a ética animal. 




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Referências Bibliográficas 
BRASIL. Lei 9605/98. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. 
INSTITUTO NINA ROSA. Para os animais não importa o que você pensa ou sente. Para eles, importa o que você faz. 2015. Disponível em: <http://www.institutoninarosa.org.br/site/.>