segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Para onde foram as andorinhas?

          O curta-metragem “Para Onde Foram As Andorinhas?” de 2016, produzido com a parceria do Instituto Catitu e o Instituto Socioambiental, com duração de aproximadamente 22 minutos, aborda os efeitos do aquecimento global no ecossistema local observados por indígenas que residem no Rio Xingu, na região Amazônica. Dentre algumas premiações recebidas pelo curta se destacam as de Melhor Curta Metragem no “Festival Ambiental das Ilhas Canárias”, no “FestCine Amazônia” e o Prêmio “Refúgios e Mudanças”, recebido no “Festival ENTRETODOS de Direitos Humanos”, todos no ano de 2016.
       O Parque Indígena do Xingu, apresentado na Figura 01, se localiza na parte sul da região Amazônica, no nordeste do estado do Mato Grosso. Sua vegetação é composta por florestas semideciduais, savanas e florestas ombrófilas, apresentando grande biodiversidade. Sua homologação se deu em 1961, havendo, ao longo de sua história, alterações em sua área total, estabelecida nos moldes atuais em 1978. No Parque residem 6090 indígenas provenientes de 16 povos diferentes, dentre os quais se encontram os Trumai, Ikpeng, Kaiabi, Suyá e os Yudjá. Atualmente, o Parque é uma ilha de sociobiodiversidade cercada pelo desmatamento em suas fronteiras, onde cerca de 42% da área florestal deram lugar à monocultura de soja e milho. No ano de 2010, 10% do território foi atingido por incêndios florestais e, segundo dados apresentados no curta-metragem, foi desmatado um equivalente a 230 mil campos de futebol nas matas ciliares das nascentes do rio Xingu (ISA, 2016).

Figura 01. Localização do Parque do Xingu, bem como os povos indígenas presentes. 
Fonte: ISA (2002). 

    As alterações ambientais externas à área protegida estão afetando o clima da região e, consequentemente, alterando negativamente o modo de vida dos indígenas ali presentes. Há o aparecimento de insetos antes inexistentes na área, bem como o desaparecimento de outras espécies, tais como as andorinhas, cuja chegada no Parque auxiliava os indígenas a identificar a proximidade das chuvas. Devido ao fortalecimento e expansão da monocultura em seus arredores, levando à perda de biodiversidade e o uso intensivo de agrotóxicos, há períodos de seca que prejudicam a produção de alimentos para a subsistência da população residente. O documentário apresenta como as alterações climáticas são percebidas pelos indígenas, modificando ritos ancestrais. Isto se dá por uma percepção temporal desenvolvida nestas culturas por meio do contato direto com as relações ecológicas existentes em um meio até então não alterado modo significativo pelo ser humano.
    É importante considerar que a região amazônica possui áreas legalmente protegidas como Unidades de Conservação, definidas pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Lei 9.985/2000), assim como terras indígenas, demarcadas pelo Estado, ambas consideradas espaços territoriais especialmente protegidos pela Política Nacional do Meio Ambiente. Bem como a proteção e conservação da biodiversidade existente, as terras indígenas são demarcadas como reconhecimento e perpetuação da cultura e identidade destes povos, chamados de tradicionais, tendo em vista a ancestralidade de seus conhecimentos e a qualidade de sua transmissão, dada de forma oral.
      Nossa legislação ambiental e o ideário de um desenvolvimento sustentável de fato consideram que quaisquer saberes relacionados à conservação da biodiversidade necessitam ser mantidos, tanto por sua utilidade quanto por seu valor intrínseco, de existência. Entretanto, como é possível perceber no curta-metragem, somente a existência de instrumentos legais não é garantia para que haja a consecução dos objetivos do SNUC e das Terras Indígenas, havendo a necessidade de políticas públicas para promovê-los e fiscalizar seu cumprimento. Quando o Estado se ausenta nestes locais, abrem-se espaço para toda sorte de atuações ilegais nos arredores das áreas protegidas (com reflexos perceptíveis em seu interior), como a grilagem de terras e práticas agrícolas inadequadas para os objetivos de manutenção do Parque, com danos muitas vezes irreversíveis.
       O documentário pode ser utilizado em sala-de-aula com o propósito de apresentar aos estudantes uma outra forma de abordar as alterações climáticas, por meio do conhecimento empírico, o qual, apesar de apresentar diferenças com o conhecimento científico, deve ser igualmente valorado. Apesar de mostrar uma realidade distante da vivida por estudantes que residem em cidades, estando em contato com um ambiente bastante alterado pelos humanos, apresenta de forma direta os impactos socioambientais provocados por um modelo de desenvolvimento baseado na monocultura, que necessita do aporte de agrotóxicos para se manter, levando ao desequilíbrio dos ecossistemas e à perda de culturas e, portanto, da identidade de povos ancestrais.
    Para além do problema das alterações climáticas, é premente trabalhar com os estudantes a importância da sociodiversidade brasileira, sobretudo dos povos ancestrais, abordada de forma superficial no ambiente escolar e pela grande mídia. A partir dadesconstrução de preconceitos arraigados em nossa cultura em relação às culturas ancestrais de nosso país, espera-se que os jovens possam valorá-las e se mobilizar em prol de sua manutenção, assim como se posicionar de forma crítica quando os direitos destes povos se encontrar ameaçados.



Referências Bibliográficas

ISA (Instituto Sociambiental). Povos Indígenas no Brasil: o Parque. 2002. Disponível em: <https://pib.socioambiental.org/pt/povo/xingu/1539>. Acesso em: 27 out. 2017.

PARA Onde Foram As Andorinhas? Direção de Mari Corrêa. [s.i.]: Instituto Socioambiental - Programa Xingu e Instituto Catitu, 2016. (22 min.), son., color. Legendado. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=T0-INQW3It0>. Acesso em: 27 out. 201

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Rio Resiliente: Áreas Verdes Urbanas


       O curta-metragem “Rio Resiliente: Áreas Verdes Urbanas” produzido pela MULTIRIO (Empresa Municipal de Multimeios da Prefeitura do Rio de Janeiro, que desenvolve produções educativo-culturais voltadas à comunidade escolar e de cidadãos) publicado no dia 6 de março de 2015 e com duração de aproximadamente 15 minutos, aborda um tema que deveria ser de conhecimento de toda a população: a importância de regiões específicas para a valorização da natureza, quais sejam, as áreas verdes inseridas nas cidades. Um dos seus objetivos é explicar como estas vegetações são necessárias por trazerem diversos benefícios socioambientais, utilizando dois exemplos: o Aterro do Flamengo e a Floresta da Tijuca. O benefício mais fácil de ser percebido é o estético, ou seja, o contraste da coloração dessas áreas aos cinzas das construções urbanas.
         No entanto, o documentário aborda outros benefícios – tão importantes quanto a estética nas cidades – que estas áreas proporcionam, sendo estes a absorção de calor do ar e umidificação da atmosfera, servindo também como parâmetros para se medir a vulnerabilidade da região, por exemplo, atuando no controle da poluição do ar e acústica, interceptação das águas das chuvas no subsolo reduzindo o escoamento superficial, proteção de nascentes e mananciais, valorização ornamental e visual do ambiente (BARGOS; MATIAS, 2011). Isto porquê a resiliência das cidades aos eventos climáticos, ou seja, sua capacidade de resistir a estes, por exemplo, está diretamente relacionada às suas áreas verdes, inclusive na questão das enchentes durante as chuvas.
            De maneira simples, o curta aborda a importância de os seres humanos aprenderem a conviver com a natureza, percebendo e desenvolvendo a consciência de que fazem parte dela. Isso ocorre a partir da propagação do conhecimento obtido por autoridades e, principalmente, pesquisadores. Enfatizando que a manutenção destas áreas afeta diretamente a qualidade de vida da população através das funções sociais que exercem, estéticas, ecológicas e educativas. (BARGOS; MATIAS, 2011)
        Telhados e calçadas verdes vêm sendo utilizados como estratégias benéficas de manutenção destas áreas nas grandes cidades, aumentando a demanda de espaço para tal e aumentando a permeabilização do solo. O objetivo é que estes novos espaços atuem capturando água da chuva, reduzindo a carga no sistema de drenagem, melhorando a qualidade do ar e diminuindo os custos com água e energia. 
        Trazendo como exemplo a Escola Parque do Rio de Janeiro, onde há a utilização de telhado verde e um local chamado de “Casa Sustentável para a Educação Ambiental dos alunos”, o curta-metragem aborda a importância desse tipo construção sustentável como estratégia para a sensibilização dos estudantes para as questões ambientais, proporcionando aos futuros tomadores de decisão o conhecimento de que é possível um desenvolvimento que atenda a demanda social por moradias de forma menos agressiva ao meio.
          Dessa forma, o documentário apresenta características positivas para ser trabalhado dentro do contexto escolar, a fim de desenvolver o tema com os alunos e estimulá-los a pensar de maneira visando a sustentabilidade, principalmente por levantar questionamentos acerca do modelo construtivo de cidade que se tem atualmente, em termos da degradação da qualidade ambiental que proporciona e, deste modo, levantar alternativas para o desenvolvimento de cidades sustentáveis do ponto de vista social, ambiental e econômico.



Referências Bibliográficas

BARGOS, Danúbia Caporusso; MATIAS, Lindon Fonseca. ÁREAS VERDES URBANAS: UM ESTUDO DE REVISÃO E PROPOSTA CONCEITUAL. Revista Soc. Bras. de Arborização Urbana, Piracicaba, v. 6, n. 3, p.172-188, 15 set. 2011. Disponível em: <http://www.revsbau.esalq.usp.br/artigos_cientificos/artigo169-publicacao.pdf>. Acesso em: 24 ago. 2017.

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

ENTRE RIOS


O curta-metragem “Entre Rios” é uma produção independente do cineasta Caio Ferraz, que trata da urbanização desordenada da cidade de São Paulo e os impactos que ocasionou aos seus rios e córregos, cujas questões tratadas podem ser facilmente extrapoladas para outras cidades do Brasil e do mundo.

Em seu histórico, a vila de São Paulo de Piratininga que significa rio do peixe seco na língua tupi, se originou nas margens do rio Tamanduateí. Os peixes deste rio, após as cheias, ficavam presos e morriam na baixa do rio, atraindo formigas e, consequentemente, os tamanduás que lá viviam, daí o nome dado ao rio pelos indígenas que navegavam por suas águas em busca de alimento e de travessia para a entrada no rio Tietê, onde o Tamanduateí deságua.
O vídeo alerta sobre o mau planejamento na urbanização das áreas agrícolas, com as ocupações humanas por meio de residências, comércio, indústrias, ruas, avenidas e toda sorte de aparelhos urbanos se dando de forma a não respeitar o regime natural dos rios, que apresentam épocas de cheias e secas.
Segundo Tucci (2011) na bacia hidrográfica rural, o movimento da água é armazenada pela vegetação, infiltrando no solo, sobrando apenas o escoamento sobre a superfície de forma gradual, fazendo um hidrograma com alteração lenta de vazão e com piques de enchentes moderados. No modo natural de enchente, as águas atravessam somente a calha menor do rio mais ou menos em dois anos, após o qual, no período de cheias, há a ocupação de seu leito maior.
Esta dinâmica todo rio possui e muitas das vezes as cheias são mais espaçadas em termos temporais, o que dá a impressão, às pessoas, de que apenas o leito menor do rio é ocupado por águas. Deste modo, as áreas ribeirinhas acabam por ser ocupadas e, consequentemente, são inundadas quando chove. A Figura abaixo apresenta a estrutura dos rios, em termos de seu leito menor e maior (planície de inundação ou área ribeirinha), em seção horizontal (na esquerda) e transversal, na direita.


 
Fonte: Tucci (2008, 16).


Pouco a pouco, além destas ocupações, as micro bacias que compõem o espaço em urbanização são ocupadas com áreas impermeáveis que fazem parte dos loteamentos urbanos, levando a um aumento do escoamento superficial das águas das chuvas, não mais retidas pelo solo com a vegetação que fora retirada do local. Deste modo, as águas que seriam absorvidas pela vegetação se direcionam rapidamente pelas ruas e avenidas com diversos contaminantes químicos presentes no asfalto e com os resíduos sólidos também presentes, alcançando, em poucos minutos, rios e córregos e contribuindo para agravar as enchentes urbanas. Deste modo, o ciclo da água é alterado nas áreas urbanas, visto que a absorção das águas das chuvas é diminuída de forma drástica, não efetuando a recarga dos aquíferos e lençóis freáticos que alimentam os rios. Além disto, as águas que agora chegam a estes rios possuem os contaminantes que alteram significativamente a qualidade hídrica, que já não pode ser utilizada para o abastecimento humano, a pesca e, principalmente, para a manutenção da vida aquática. A biodiversidade existente nestes ecossistemas é bastante diminuída, restando somente aqueles organismos mais adaptados a condições adversas. Em vários casos, como ocorre com o rio Tietê que atravessa a cidade de São Paulo, por exemplo, apenas as bactérias anaeróbicas sobrevivem à poluição gerada.
Além disto, o vídeo mostra como os rios não são apenas desconsiderados como parte essencial do ecossistema urbano, mas também vistos como um empecilho, um problema à vida nas cidades. O modelo de urbanização adotado no Brasil, que dá atenção ao transporte individual por carros conduz ao aumento da extensão e alargamento das ruas, dando espaço à grandes avenidas para aumentar o fluxo dos passageiros que transitam na cidade. Para fazer isto, os rios que impedem a travessia dos carros são aterrados e “estrangulados”, ou seja, tem sua largura diminuída. Imaginemos então o que ocorrem quando há uma chuva mais intensa em um local assim construído. As enchentes, antes naturais, que ocupavam somente a planície de inundação dos rios caudalosos, cheios de curvas, agora ocasionam um verdadeiro caos urbano, com enormes perdas econômicas e muitas vezes de vidas humanas!
Para resolver o problema ocasionado por falta de planejamento urbano que é derivado de uma concepção errônea da cidade, não vista como um ecossistema complexo, onde sua paisagem e condições naturais são totalmente ignoradas, estes mesmos rios são transformados, por obras de engenharia, em passagens para as águas pluviais, as quais, para seguirem rapidamente, precisam de superfícies lisas para atravessar. Assim, os rios são concretados em suas margens e em seus leitos, sendo finalmente convertidos em canais de água, já totalmente desnaturalizados. A fauna e flora residentes já não existem mais e eles não são mais os ecossistemas complexos de que tantos seres vivos e os humanos dependem para sobreviver.
É nisto que se converteu o rio Tamanduateí, que abrigava uma diversidade imensa de vida e era fonte de alimento e transporte para os antigos habitantes de São Paulo..
Um organismo tão complexo dando espaço à cidade, esta floresta de concreto que com seus meios de produção capitalista, pautados por uma lógica desenvolvimentista e individualista, prejudicam  o meio que dependemos para viver. Atualmente, a cidade de São Paulo e tantas outras que passaram por este mesmo modelo de urbanização sofrem com as inundações provocadas por humanos. Segundo  Tucci (2008,p.99), tal modelo também é produto da “desorganização, de pouca informação sobre o assunto, falta de conhecimento e de educação”. Inundações deste tipo estão intimamente ligado com  os valores que norteiam as decisões tomadas pelo Poder Público, que se relacionam à uma super valorização de questões econômicas imediatistas e que, pela ausência da participação da sociedade nas tomadas de decisão que a afetam diretamente, conduzem a um abismo social, já que a cidade não é vista em sua totalidade e, portanto, não é construída para o conjunto da sociedade, mas sim para o bem-estar de poucas pessoas economicamente abastadas.
“Entre Rios” é um ótimo documentário para se trabalhar em sala de aula, dado seu conteúdo multidisciplinar e poético, mostrando a importância de um bom planejamento urbano, que seja amplamente participativo e dado a partir do conhecimento do local, em sua complexidade ecológica. É possível apresentar aos estudantes que os rios são ecossistemas dinâmicos, que são indispensáveis à vida humana e que devem ser conhecidos e respeitados. Pode-se trabalhar de forma interdisciplinar e, por meio de uma vivência concreta assim trazida, conceitos difíceis de serem compreendidos, como a de bacia hidrográfica e trazer à tona a legislação ambiental que protege as margens dos rios, tais como o Código Florestal, dentre outros.
Muita gente diz que a situação dos rios em são Paulo é um desastre, que nunca foi feito um planejamento urbano que considere suas águas. Em uma entrevista para o portal “uol”, o Arquiteto e urbanista Dr. Paulo Mendes da Rocha, diz sobre os rios: “Eles fazem parte de um sistema que é, enfim, a rede hídrica, fluvial, de uma região. [...] O rio flui, portanto, você não pode tratá-lo bem no trecho que ele atravessa uma cidade como fato isolado. [...] Há muito tempo que está entre nós esboçado o desastre, por falta de atenção, não por falta de saber.”
Portanto, recomendamos a você, caro leitor, a apreciação deste belo e importante curta-metragem, para uma reflexão acerca das cidades que todos nós desejamos para o presente e futuro da humanidade. Obrigada pela leitura!


Referências Bibliográficas 
TUCCI, C. E. M. Águas urbanas. São Paulo. 2008.
TUCCI, C. E. M. Inundações Urbanas. São Paulo. 2008.
ROSA, G. S. Do outro lado do rio. Trilogia. Rio de Janeiro.2013 Disponível em: < http://gizmodo.uol.com.br/urbanismo-2/page/2/> Acessado 21 ABR de 2016.

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Fulaninho, o Cão Que Ninguém Queria

"Um país, uma civilização, pode ser julgada pela forma com que trata seus animais." 
 (M. Gandhi) 


O curta-metragem realizado pelo Instituto Nina Rosa vem nos trazer uma reflexão importante e nos chamar para a ação a respeito do modo como são tratados os animais domesticados, no caso em questão, o cão. 
O vídeo conta a história do cachorro Fulaninho que, assim como seus irmãos, foi abandonado pelo seu dono ainda filhote, assim que sua progenitora havia dado a luz. Ele é jogado às ruas, onde é encontrado por uma mulher que o adota, sendo iludido por algum tempo, até crescer. 
Digo iludido, caro leitor, pois Fulaninho é abandonado novamente. Isto mesmo, torna outra vez às ruas, triste, solitário e desamparado, sem meios de abrigar-seEm todo o momento, o que é bastante interessante, a narração é feita do ponto de vista do cachorro, justamente para cativar aqueles que assistem ao vídeo, ao mostrar a inocência de um animal que, em diversos momentos, não acredita que está sendo abandonado por aqueles a quem julgava que o amava, pensando se tratar de uma brincadeira para encontrar o caminho de casa. Nas situações de abandono, mostra não compreender o que havia feito para que este triste fato se repetia. 
Cansado e não conseguindo achar seu lar, Fulaninho decide ir à procura de um novo lar. Daí começa uma busca incessante por uma vida feliz em uma nova família. Até que ele avista uma garotinha que o fita. Fulaninho também a observa, com esperança e ao mesmo tempo com receio de que ela possa fazer-lhe mal, tamanha a fragilidade em que se encontra. É neste momento que Fulaninho é capturado e levado pela “carrocinha”. 
No canil, ele vive um pesadelo. Há vários outros cães e gatos que vivem presos em jaulassem que compreenda o porquê desta situação e até mesmo o que o local significa. No canil, o cuidador sempre conversa com ele, desejando-lhe sorte nos poucos dias que tem para ficar no local. Na verdade, sem saber que sairá de lá somente adotado, Fulaninho não entende as mensagens do cuidador e um dia é levado, não para a adoção, mas sim para uma morte prematura. 
O vídeo demonstra então um final alternativo, com Fulaninho sendo adotado por uma família amorosa, ao invés de receber a injeção letal que não merecia. 
Para finalizar, o vídeo apresenta diversas dicas de como tratar adequadamente de um animal doméstico que possui senciência, ou seja, capacidade de sentir dor e outros sentimentos, tais como os seres-humanos. Fala-se que, ao adotar um animal doméstico, deve-se estar ciente de que o mesmo crescerá e viverá por um longo tempo, necessitando de diversos cuidados ao longo de sua vida. 

Dica de cuidados:  
Tanto o cachorro como os gatos precisam de espaço, pois mantê-lo preso não é nada legal. 
É necessário educá-lo, mas sempre de forma carinhosa, sem jamais maltratá-lo física ou verbalmente. Eduque-o, mostre que ele pode ou não fazer e onde podem fazer, sempre fazendo carinho quando o cão ou gato estiver se comportando adequadamente, de modo a reforçar este comportamento. No entanto, qualquer ação a ser realizada com estes animais deve prezar pelo máximo de respeito, posto que eles não são inferiores a nós, humanos, somente pelo fato de termos um atributo (o lóbulo frontal do encéfalo) mais desenvolvido do que eles. Afinal, cada ser vivo tem suas características próprias. Respeitar, neste sentido, é educar para a liberdade, para cada ser vivo poder ser da forma como é, tendo, para tanto, alimento, espaço, conforto, cuidados com a saúde e carinho por parte dos familiares que com ele vivem. 
Saber que ele viverá em torno de 15 anos é essencial, pois nesse período ele precisa muito de seu companheiro humano, ou seja, para a vida toda. Por isso, nesse tempo, é muito importante cuidar da saúde do animallevando-o ao médico veterinário com frequência para aplicar as vacinas e fazer exames. 
Com relação aos cães, é importante respeitar seu momento de alimentação, para que não fique irritado e prejudique alguémComo dito, cada um tem seu jeito de ser e, para que vivamos em harmonia, é preciso que isto seja conhecido e respeitado. Infelizmente, a liberdade para os animais domésticos (sobretudo o cão e o gato) deve ter limites pois, nas ruas, eles podem se machucar seriamente, se perder do lar ou mesmo ser envenenados (o que ocorre muito com os gatos). Além disto, é importante castrá-los para evitar filhotes que não serão cuidados pelo companheiro humano ou não poderão ser doados a alguém. A maior parte dos filhotes acaba sendo abandonada, tendo um final triste nas ruas, nos abrigos superlotados ou mesmo nos Centros de Zoonoses das cidades. Por isto, castrar é um ato de amor aos nossos grandes amigos.  


Maus-tratos é crime.
A Lei 9605/98, denominada "Lei de Crimes Ambientais" trás a ilegalidade dos maus-tratos aos animais domésticos, dentre outros, no artigo 32:  
"[…] Praticar ato de abuso, maus tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticado, nativos ou exóticos 
Pena- detenção de três meses a um ano, e multa. 
§1° incorre nas mesmas penas quem realiza experiencia dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos e científicos, quando existirem recursos alternativos. 
§2° A pena é aumentada de um sexto a um terço se ocorrer morte do animal." (BRASIL, 1998.) 


Não compre, adote.
Diariamente, vários animais domésticos são abandonados nas ruas ou levados a abrigos onde já existem dezenas de animais a serem adotados. infelizmente, essa é a realidade de vários animais. Mas podemos mudar isto com a adoção. Um ato como a adoção trás benefícios a todos: as pessoas acabam tendo um companheiro para toda a vida e os cachorros e gatos, um lar saudável para viver em tranquilidade. Cada vez que um animal é adquirido, outro que poderia ser adotado permanece nas ruas ou nos abrigos superlotados, o que nos trás questões éticas bastante pertinentes, tais como "Qual o valor de um companheiro?", "Nos julgamos tão superiores a ponto de melhorarmos geneticamente um ser vivo apenas para obtermos alguma característica que valorizamos?", "Não basta discriminarmos pessoas por sua cor, sexo e status social? Fazemos o mesmo também ao optarmos por um animal de "raça"?. Tais questões são muito importantes para serem refletidas a fundo. 
Falando de ONGs, aqui na cidade de Ilha Solteira temos duas que auxiliam os animais abandonados e aqueles que não os discriminam por sua "raça". 
Há a APAISA (Associação Protetora dos Animais de Ilha Solteira) e o "Recanto Feliz". Ambas trabalham com o intuito de proteger os animais, bem como achar uma família que os adotem, sem fins lucrativos. Tais ONGs não contam com qualquer ajuda governamental, apesar de fazerem o papel que incumbe ao Poder Público de proteção e defesa dos animais. Por isto, sua ajuda, caro leitor, é indispensável. Se você mora na cidade de Ilha Solteira e quer adotar um cachorrinho ou um gatinho, entre em contato com um desses órgãos oucaso não possa, ajude-os com a doação de alimentos, produtos de limpeza, remédios, dentre outros bens de necessidade. Ainda se você não tiver possibilidade de adotar e nem de realizar doações, as ONGs aceitam voluntários para organizarem feiras de doações, para manter o local asseado, cuidar dos animais e lhes dar carinho. Basta ter vontade.


O Instituto Nina Rosa 
Voltado para consciência ambiental e direito dos animais, o Instituto Nina Rosa aborda diversos temas, dentre eles a Educação Humanitária, por meio de vídeos e materiais educativos. "Fulaninho, o cão que ninguém queria", "A carne é fraca", "Não Matarás", dentre outros, são alguns dos vídeos que abordam a questão do bem-estar animal de modo bastante sensível. A Educação Humanitária preza pela formação crítica de crianças, jovens e adultos, para que sejam livres pensadores criativos que inspirem respeito dedicado para todas as formas de vida (Instituto Nina Rosa, 2015). 
O site do Instituto é uma ótima ferramenta para se trabalhar este tema transversal nas escolas, onde se encontram livros e vídeos para a discussão em sala de aula. Também oferece um leque para quem quer ministrar Educação Humanitária, experiências de educadores de todo o mundo que optaram por este modelo de educação, sendo um grande incentivo para a discussão e, quem sabe, a adoção deste tema como ferramenta de trabalho. 
Finalizando, o curta-metragem em questão abre uma série de possibilidades para o tratamento, em sala de aula e nos espaços informais de educação, desta questão sempre urgente e pertinente, que é a ética animal. 




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Referências Bibliográficas 
BRASIL. Lei 9605/98. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. 
INSTITUTO NINA ROSA. Para os animais não importa o que você pensa ou sente. Para eles, importa o que você faz. 2015. Disponível em: <http://www.institutoninarosa.org.br/site/.>